Bioexpressão – o que é? Uma definição inicial

Neste primeiro texto falando da Bioexpressão, é importante explicar um pouco o que é essa área de conhecimento desconhecida para a maioria das pessoas, uma vez que foi criada por mim há cerca de 40 anos. Inicialmente chamada Bioexpansão, me exigiu muitos estudos, pesquisas tanto teóricas como práticas. Mas a intenção não é teorizar, apenas situar o leitor, e estabelecer as relações entre este saber e o cotidiano, entre as atividades bioexpressivas e o processo de autocrescimento. Aos poucos, ao longo dos textos, vamos pinçando dados que sejam importantes e/ou necessários para a compreensão do que é trazido e para que saibam que o dito tem fundamentos nos estudos da psicossomática ou da bioenergia.
Mas vamos começar com alguns dos grandes desafios da contemporaneidade, desafios que vivemos no dia a dia. Eles são muitos – tensões, correria, exigências profissionais, o cuidado da família, atividades domésticas, os percalços que surgem quando menos esperamos entre tantos outros. Afinal, desempenhamos vários papéis e vivemos num mundo que muda a cada instante que nos exige atualização permanente, coragem e capacidade de vencer obstáculos.
O pensamento é uma das dimensões fundamentais do ser humano, nossa mente não para um instante, no entanto, se for considerada separadamente das outras dimensões – a emocional, a corporal e a espiritual, enfrentaremos muitas dificuldades. E é com base nesse entendimento, que surgiu a Bioexpressão, um conjunto de conhecimentos teórico-vivenciais que tem por finalidade, em síntese, a compreensão de si e das dificuldades de expressão própria que dificultam a vida, o exercício profissional e as inter-relações.
A Bioexpressão busca formas de minimizar limitações comuns a todos nós e de com elas conviver de modo mais saudável, estimulando o autoconhecimento, o cuidar de si, a autoexpressão e a reflexão sobre a corporeidade e o sensível na vida do ser humano. Para alcançar tais objetivos, apresenta-se um conjunto de vivências corporais – atividades em que o movimento expressivo e/ou a percepção corporal permitem que entremos em maior contato conosco, que aprendamos a fazer melhor uso da respiração, a ouvir mais nosso corpo, perceber e liberar tensões. 
Através do processo de autoconhecimento, de se perceber e cuidar de si, o indivíduo tem a possibilidade de criar e alimentar novos canais de ser e estar no mundo, valorizando dimensões até então adormecidas em si próprio. Trabalha-se o aspecto corporal de forma mais evidente através do respirar consciente, de movimentos criativos, meditação ativa e atividades lúdicas, mas o objetivo é trabalhar o ser humano como uma totalidade, uma vez que, na visão de Wilhelm Reich, sempre que se trabalha o corpo, trabalham-se as emoções e o pensamento.

O momento de mudanças e de tensões que vivemos exige maior flexibilidade. Leveza e criatividade também não podem faltar. Exige que procuremos opções, que estejamos aptos a lidar com o novo, com o inesperado, com as incertezas, com as ansiedades; que estejamos em constante trabalho de atualização, de crescimento e de autocuidado. Sem esquecer de dar mais sabor a nossas vidas.

— Lucia Helena Pena Pereira

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